De olho na Bicho do Mato

Experimento de Oferta de Alimentação Alóctone aos Peixes e aos Quelônios

A Bicho do Mato Meio Ambiente sai na frente mais uma vez. Em atendimento à condicionante da Licença de Operação de uma hidrelétrica de grande porte no norte do País, estamos realizando um experimento pioneiro no Brasil, com a finalidade de promover o aumento da disponibilidade de alimentos para os grupos de peixes e quelônios, em conformidade com o Plano de Ação e o Termo de Compromisso Ambiental firmado com o Ibama.

Como previsto no EIA do empreendimento, parte dos ambientes alagáveis na região deixarão de receber o pulso de inundação anual e, consequentemente, parte das áreas de alimentação de peixes frugívoros não estarão mais acessíveis. Caso ocorra essa alteração, será irreversível, por isso, o estudo propõe a implantação de um Projeto Experimental visando aumentar a disponibilidade de alimentos, principalmente aos peixes e quelônios. Esta disponibilização implica na coleta e dispersão ativa e passiva de frutos e outros recursos alimentares vegetativos (brotos, folhas, flores e casca) nos ambientes alagados, e que permanecerão acessíveis para peixes e quelônios durante a operação do empreendimento.

A técnica de manejo ambiental para enriquecimento alimentar (food enhancement) é utilizada com sucesso em diversas partes do mundo, especialmente nos Estados Unidos e Canadá, com ações desde fertilização com nutrientes para promover a produção primária, com reflexo sobre a abundância e grau nutricional de peixes (DEEGAN;  PETERSON,  1992;  PETERSON  et  al.,  1993), até  a introdução de espécies forrageiras de peixes e camarões para servir de presas a espécies de peixes esportivos. 

Este tipo de manejo apresenta diversos benefícios para a comunidade de peixes, entre eles a abundância das espécies de interesse para pesca nos locais que foi utilizada, indicando um potencial de aplicação de técnica análoga ao projeto em execução.

Para aumentar a eficiência da atratividade dos módulos amostrais, hidrofones reproduzindo esquemas sonoros dos materiais vegetais caindo na água deverão ser dispostos próximos aos BRUVS (sistema de vídeo utilizado para avaliar a biologia marinha, com a ajuda de iscas visuais e olfativas, contendo materiais típicos da alimentação íctica). Dessa forma, espera-se que o “gatilho” ambiental reproduzido pelos sons destes componentes vegetais simulem as condições ambientais típicas para os eventos de frugivoria.

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